quarta-feira, 12 de agosto de 2009

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Abençoados por Deus e corruptos por natureza


A palavra corrupção vem do latim “corruptus” e significa a quebra dos valores que a sociedade nos impõe, ou seja, é o ato pelo qual se adultera, se estraga algo físico ou moral. A corrupção não é o gosto pelo desonesto, trata-se na verdade de um jeito brasileiro de viver, ou sobreviver.


A palavra corrupção no Brasil é bastante associada à política do país, mas vale ressaltar que ela não está presente somente nos atos secretos dos governantes, mas nos mais diversos ambientes e seguimentos da sociedade. Ela está presente quando você compra um CD pirata, quando pede para um colega que está a sua frente na fila pague suas contas e até mesmo quando você copia textos da internet utilizando como se fossem seus para fazer algum trabalho.


Carlos Santos é um famoso apresentador de programa de auditório em Belém do Pará. Antes disso ele vendia frutas e verduras no mercado e conta que para conseguir vender seus produtos usava de diversas artimanhas, chegou a vender até mesmo limões que já vinham adoçados. Este é apenas um dos bons exemplos de que a corrupção dá acesso ao dinheiro, gera empregos, presta serviços e afirma o jeitinho que o brasileiro dá para resolver qualquer situação.


Seriamos então uma nação de corruptos? Talvez não pelo fato de conhecermos a existência da lei e de sua importância para o bom funcionamento da sociedade. Mas como explicar aquela indicação de emprego que é cada vez mais comum? Ou aquela falsificação de atestado médico para faltar à aula ou ao trabalho? Copiar as respostas de um colega na hora da prova, fazer ligações clandestinas de fiação elétrica ou de internet também são atitudes corruptas. Como diz o Antropólogo Roberto DaMatta, "é enorme a dificuldade brasileira de juntar a lei com a realidade social diária”.


Que graça teria se não existisse um modo para resolver os problemas? O jeitinho brasileiro deixou de ser mera malandragem e se tornou necessidade de alguns que o utilizam como modo de sobrevivência. Se podemos pagar menos imposto de renda a um governo que não retribui adequadamente em benefícios sociais para seus contribuintes, por que fazê-lo? Por que pagar uma multa de trânsito altíssima se podemos dar um jeito de cancelá-la? Afinal de louco e corrupto todo brasileiro tem um pouco!

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Texto de André Wallyson e Rosana Barros

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