sábado, 31 de outubro de 2009

"O que é que o Mercadinho tem?" [2]

Nesta segunda parte da série sobre o mercadinho vamos ver um pouco das histórias sobre a parte de alimentação e higiene do local. Espero que gostem e aguardo os comentários com críticas e sugestões!


Os cheiros e sabores

Nordestinos, paraenses e pessoas de variadas regiões do país deixaram como herança para a cidade de Imperatriz sabores e temperos que marcaram e que fazem parte de nossa cozinha, para encontrá-los não existe melhor lugar que o mercadinho. São quase 120 pontos de vendas dedicados somente a alimentos, que vão de carnes, frutas e verduras a temperos exóticos preparados na hora.
São esses temperos que dão um cheiro especial que chega a disfarçar o odor vindo dos esgotos a céu aberto nas ruas que cortam o mercado, mas este é um problema que deixo para comentar em outra ocasião.


Francisca Piauí presta serviço para a empresa que cuida da limpeza do setor há três anos. Ela conta que no mercadinho, apesar de ter ela e mais sete colegas diariamente cuidando da higienização do local, é muito difícil mantê-lo limpo. Segundo Francisca, a população que freqüenta e que trabalha no local ainda não se conscientizou de que o lixo causa danos para a própria saúde. “Aqui como todo lugar tem seu lado bom e ruim, eu sou amiga de todos daqui e, além disso, já encontrei muita coisa de valor em meio ao lixo. Essa é a parte boa, porque também existe muita gente que não respeita o nosso trabalho e já tentaram até me agredir, mas nada que uma pá não resolva”, finaliza dando risada.


As frutas regionais têm destaque tanto pelas cores como pelos preços que costumam ser bem baixos em relação a outros locais de venda das mesmas. Cupuaçu, manga, açaí, castanhas, melancia, banana, murici, cajá, buriti e pequi são só algumas dessas frutas que têm a vantagem de serem originadas, em sua maioria, de plantações da própria cidade.


Na hora das refeições opções não faltam. José Anselmo de Oliveira, o “Neguinho”, começou a trabalhar no mercadinho em 1969. Segundo ele, o comércio era basicamente de carnes e verduras e por isso decidiu que não queria vender algo que já tivesse por lá. Foi então que começou a vender café da manhã em uma “banquinha” que hoje é uma lanchonete, ponto de referência para se alimentar dentro da feira. “A vida inteira tirei o sustento da minha família aqui deste lugar, não me vejo mais trabalhando fora daqui , já é parte de mim”, afirma.


Além das bancas de frutas e verduras, é muito comum ver pequenos restaurantes que comercializam comidas típicas da cidade. Panelada, cozidão, sarapatel, galinha caipira, chambarí, caldeirada de peixe, buchada de bode, assado de panela e caças são alguns dos principais pratos que são sempre servidos com pimenta, limão e farinha de mandioca por preços que não ultrapassam os seis reais.


Em breve a terceira parte, não deixem de acompanhar!


quarta-feira, 28 de outubro de 2009

" O que é que o Mercadinho tem?" [1]

No mês de novembro, vou fazer uma série de publicações sobre um dos locais mais conhecidos de Imperatriz, o Mercadinho. Os textos fazem parte de uma reportagem escrita por mim no segundo período do Curso de Jornalismo da Universidade Federal do Maranhão. Espero que gostem e comentem.



Originada de pequenos comércios de carne que eram construídos com madeira e cobertos de palha no então bairro Bacuri, o Mercado Vicente Fitz ou “Mercadinho”, como é mais conhecido, dá nome ao bairro onde está localizado atualmente e é uma das maiores feiras da região tocantina. De acordo com dados da Secretaria de Agricultura do Município, são cerca de 300 pontos formais e informais de comércio, isso contando somente com as duas quadras onde está localizada a feira, por onde passam diariamente cerca de 5 mil pessoas de toda a região.


Considerado pela população como uma referência na compra de diversas mercadorias, o mercadinho passou por muitas modificações ao longo dos anos. Uma pequena feira que não era mais que um quarteirão no inicio da década de 1960, teve um grande crescimento com a chegada da Rodovia Belém-Brasília e se tornou o maior centro abastecedor de hortifrutigranjeiros da região. O local, que é um verdadeiro universo paralelo, já passou por muitas dificuldades por causa de problemas antigos, como a falta de higiene, mas melhorou no ano de 2003, quando após passar por uma reforma reinaugurou com o nome de Mercado Vicente Fitz.



Em Imperatriz, o Mercadinho é sinônimo de diversidade. Em nenhum outro lugar da cidade e da região se encontra tanta variedade de mercadorias, que vão de alimentos e remédios a eletrodomésticos. São varias feiras em uma só.

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

05:06 - 2 comments

Imperatriz: professoras do Curso Jornalismo apresentam pesquisas em congresso na Argentina


As professoras do Curso de Jornalismo da UFMA Imperatriz, Li-Chang Shuen Cristina, Letícia Cardoso e Emilene Leite de Sousa, participam essa semana da 8° Reunião Antropológica do Mercosul – RAM, em Buenos Aires, Argentina, com o tema Diversidade e poder na América Latina. As docentes apresentam pesquisas no evento, que termina nesta sexta, dia 2 de outubro.

Li-Chang Shuen Cristina apresentará um artigo que analisa os padrões de comportamento da televisão brasileira durante a cobertura do seqüestro da jovem Eloá Pimentel, entre os dias 13 e 18 de outubro de 2008 em Santo André-SP. A discussão perpassa, também, a dimensão antropológica dos eventos catalisados pela mídia e transformados em espetáculo, analisando o papel da cobertura jornalística no desfecho do caso, que resultou na morte da garota seqüestrada e na glorificação/condenação do seqüestrador. “Em nosso trabalho analisamos ainda a dimensão social dos meios de comunicação de massa, em especial a televisão, como elemento de catarse e fator de identificação nacional em uma sociedade com as características da brasileira. O homem brasileiro sente-se cidadão ao participar da vida do país via televisão, cidadania que às vezes lhe é negada no campo político e social da vida real”, conclui.

O estudo de Letícia Cardoso, que tem o apoio da Fundação de Amparo a Pesquisa e ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Maranhão- FAPEMA, trata do campo de relações estabelecidas entre atores culturais e políticos durante os Governos de Roseana Sarney no Maranhão (1995-2002), que, segundo a análise, são baseadas em atos teatrais de poder encenados pelos atores por questões econômicas, de visibilidade midiática, eleitorais etc.

Segundo Letícia, os políticos se aproveitam da aproximação com as manifestações culturais, tanto quanto os produtores culturais, que reconhecem essa estratégia para também adquirirem vantagens num jogo de trocas, disputas, perdas e ganhos. “As conclusões da pesquisa apontam para a inexistência de efetivas políticas públicas de cultura no Estado e a identificação de uma cultura política estatal que promove eventos e festas sobre aquilo que considera ser a cultura oficial”, afirma.

Emilene Leite de Sousa é autora de três trabalhos apresentados no evento. O primeiro, feito em parceria com o aluno Carlos Henrique Brandão, do 7° período de Jornalismo, é uma exposição fotográfica chamada “Tocaia: o ritual da menina Tentehar-Guajajara”. De acordo com Emilene a exposição, produto da pesquisa sobre crianças indígenas realizada pelo Grupo Educação, Cultura e Infância/CNPQ, é o registro fotográfico de um dos mais importantes rituais de passagem do povo Tenetehara-Guajajara do Maranhão: a Festa do Moqueado também conhecida como a Festa da Menina-Moça. O segundo tem como titulo “Da superfície dos corpos às profundezas da vida social”, que aborda as tatuagens que são utilizadas como dispositivo de identificação tanto individual quanto coletiva. “Não fale com estranhos: tensões etnográficas na Ilha do Medo” é o tema do terceiro trabalho, que visa refletir sobre o processo de implantação do turismo comunitário na Ilha do Medo, em São Luís-MA, e a reação dos moradores frente à chegada dos “invasores”, modo como os nativos da Ilha classificam os turistas.


Lugar: Ascom/Nucleo UFMA/Imperatriz

Fonte: André Wallyson